SÍRIA: Futuro dos cristãos é incerto, denuncia Arcebispo maronita de Damasco em declarações à Fundação AIS

No início da Quaresma de 2019, D. Samir Nassar, arcebispo maronita de Damasco, faz um retrato da situação cruel em que se encontra a Síria. E usa palavras fortes, como situação “insustentável”, “alarmante”, ou “incerteza”.

Em declarações à Fundação AIS, o prelado diz que a Síria vive num limbo. “Esta situação de nem paz nem guerra na Síria torna-se insustentável”, afirma. E explica: “A escassez de fontes de energia torna o Inverno muito difícil, especialmente para as crianças, idosos e muitos dos que vivem nas ruas”. 

A somar a tudo isto, há ainda o factor económico. E também aqui o retrato não é simpático. “O dólar, que continua a valorizar-se em relação à moeda local, não contribui em nada para melhorar a vida económica do país.”

Preocupações que crescem quando D. Samir Nassar pensa na comunidade cristã. “O envelhecimento das famílias é alarmante. O número de cristãos na Síria diminuiu” no país. “Quantos são hoje?” – questiona o arcebispo maronita de Damasco. “Que futuro para este pequeno rebanho? Esse é um grande desafio social e pastoral para essa minoria envelhecida, que enfrenta incertezas…”

Já no final do ano passado, e também em declarações à Fundação AIS, o arcebispo sírio-católico de Alepo, D. Antoine Chahba, elencava as mesmas dúvidas de D. Samir Nassar. Referindo que a comunidade cristã vive numa situação de emergência, o prelado não tem dúvidas em afirmar que a maioria das famílias só consegue sobreviver graças à solidariedade de instituições como a Ajuda à Igreja que Sofre.

A diminuição da população cristã da Síria é uma das consequências da guerra. Em Fevereiro, o núncio apostólico na Síria referia-se também a esta situação, dizendo que, hoje em dia, os cristãos representam apenas cerca de 2 por cento da população total do país.

As palavras do Cardeal Mario Zenari, citadas então pela Rádio Vaticano, remetem para um “quadro cada vez mais crítico” que é resultado directo dos anos de guerra, da emigração e ainda da baixa taxa de natalidade entre os cristãos.

De facto, e segundo o cardeal, após a Segunda Guerra Mundial os cristãos na Síria constituíam 25% da população, uma percentagem que caiu para 6% antes mesmo do conflito se ter iniciado. Agora, afirma este responsável, é de apenas dois por cento.

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