A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) organiza de 18 a 25 de outubro, a Semana Nacional de Educação Cristã, apresentando uma nota pastoral sob o tema “Fortalecer e Apoiar a Família, Igreja Doméstica”, contando com a participação e apoio da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), em parceria com o Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC). A nota pastoral dirige a “todos os obreiros da educação cristã” uma mensagem de “apreço e incentivo pela dedicação e coragem com que abraçam este desafio em tempos de incerteza e de dificuldades variadas, “invoquemos a graça do Senhor Jesus e a luz do Espírito Santo para encontrarmos caminhos novos para a situação presente (…)”. O documento refere que “este tempo de pandemia veio trazer-nos a experiência do distanciamento de forma surpreendente e inusitada; uma paragem no ritmo acelerado dos afazeres e no suceder de (pre)ocupações. Uma experiência que reduziu ou empobreceu muitas dimensões da vida humana de grande significado e riqueza, como o convívio social, as assembleias religiosas, a alegria das festas, o buliço das crianças. Provocou uma ‘nova normalidade’ com repercussões na transmissão da fé e na sua vivência. Ajudou-nos a prestar atenção ao interior de nós mesmos, a cultivar a espiritualidade, a apreciar as realidades simples e quotidianas como a beleza do universo, a amizade, a comunicação com os outros, com a natureza criada e com a vida. Desafiou-nos a descobrir e a ter tempo para o essencial. Em muitos casos impulsionou para um olhar e um cuidado generoso e criativo no serviço aos mais frágeis e desprotegidos. Por outro lado, houve uma valorização das redes sociais como espaço fecundo de contacto interpessoal, possibilitando reduzir o distanciamento, transmitir o afeto, apoiar a educação, mitigar a solidão. Fizemo-nos próximos, reinventámos e ampliámos possibilidades de propostas de formação cristã, de oração e de celebração. Permanece a imagem do Papa Francisco, só, na imensa praça de São Pedro, testemunho e convite a caminharmos com coragem e esperança em Deus”.
Neste início de ano pastoral e escolar, dirijo a todos os incansáveis e corajosos educadores cristãos, uma palavra de apreço e reconhecimento eclesial. Recordo a obra da catequese, os colégios católicos, as IPSS dedicadas às crianças, adolescentes e jovens a Pastoral e os movimentos eclesiais juvenis, a Pastoral Universitária, os professores de Religião e Moral Católica, todos os colaboradores ao serviço desta missão, para todos a certeza da minha comunhão, apreço e gratidão.
Recordo que na nossa Arquidiocese existem ainda três colégios de ensino público e de iniciativa privado: Colégio Laura Vicuña, em Vendas Novas, Colégio Luso-britânico, em Elvas, e externato Oratório de S. José, em Évora. Digo ainda, porque num passado recente, muito maior foi o número destas instituições, que apesar da sua excelente qualidade e do apreço das famílias, foram sendo encerrados por crescentes pressões e dificuldades, fruto de esquemas ideológicos eivados de princípios, segundo os quais se pretende que a escola deva ser exclusivamente estatal e os programas de índole materialista conduzidos pela ideologia de “género”, nomeadamente na programação da disciplina “Cidadania e desenvolvimento”.
Efectivamente, de modo lento, progressivo, mas eficaz, o ensino público, de organização privada, foi-se extinguindo, até chegarmos ao contexto actual de um ensino quase exclusivamente estatal e monolítico, pelo qual as novas gerações, os filhos e netos, passaram a ser menos da família e mais do Estado, percebendo-se um retrocesso das liberdades fundamentais, na escolha livre do ensino por parte dos encarregados de educação e ainda uma constatação de cariz totalitário crescente.
Percebe-se, claramente, que as conceções económicas das minorias ao partido dominante que pretende fazer passar os seus orçamentos de Estado, são pagas na área dos valores, muito especialmente do ensino, bem como nas questões éticas fraturantes que dividem a opinião pública e geram fraturas graves na unidade de um povo de cerca de dez milhões de pessoas, esquecendo-nos nós, que perante as grandes dificuldades que atravessamos, “só a união faz a força!”. Mas o que importa isso, quando se vive ao ritmo do imediato, sem projeto de sociedade e sem valores.
Para a coragem destes três colégios ainda vivos que prosseguem a sua missão na defesa da liberdade de ensino e de serviço público às famílias que o desejem, convido todos os cristãos a permanecermos em oração e compromisso da defesa dos valores fundamentais da liberdade de ensino e objeção de consciência. Rezo com os seus responsáveis e asseguro-lhes a certeza da minha estreita comunhão na sua difícil missão.
Que todas as comunidades cristãs vivam esta semana com atenção ao desafio “Fortalecer e apoiar a Família, Igreja Doméstica”
+ Francisco José Senra Coelho
Arcebispo de Évora
Comentários
Enviar um comentário